24.1.10

Fragmentos de infância.





Me recordo de quando comecei a dar meus primeiros passos...em minha mente tem as imagens de como era o consultório que minha mãe havia me levado naquele dia, como era o pediatra e como todos estávamos vestidos. Minha mãe me segurava e o tal pediatra me chamava para ir de encontro à ele...e de repente dei meu primeiro passo com certa dificuldade e, já chegando até ele, fui amparada antes de cair. Me virou para que visse minha mãe e ela fez o mesmo de me chamar.
Ficamos nessa por alguns minutos e depois me lembro de já estar no colo dela indo para casa.
Eu me agarrava à blusa dela até pegar no sono.
Recordo-me também de quando passava minhas férias escolares na casa de uns primos...a foto na ocasião, eu estava já com 5 anos de idade e estudava no pré (comecei com 4 anos de idade).
Eu os tinha como meus irmãos. Era incrível como um mês passava tão rápido. Aprontávamos muito! O que me marcou bastante nesse período foi um dia em que decidimos brincar de esconde-esconde...eu e Simone resolvemos nos trancar no banheiro e a chave acabou quebrando e não conseguimos sair de lá. Já havia passado o horário do almoço e ficamos dentro daquele banheiro até o pai dela chegar do trabalho e arrombar a porta...esperamos por pelo menos umas 5 horas ou mais. Fiquei com medo de ele me achar culpada por todo o transtorno.
Cabeça de criança é foda! Imaginamos cada coisa.
No final acabou tudo bem.
Sempre que se fazia coisas "erradas" havia um tipo de punição...e para uma criança, qualquer coisa que um adulto determinar é um martírio...ficamos sem a sobremesa que era gelatina.
Achava o máximo passar as férias na casa deles, pois na casa de meus pais era bastante complicado.
Meu pai é viúvo do primeiro casamento e neste teve 4 filhos (3 homens e 1 mulher) e a minha mãe era quem cuidava dos filhos dele. Minha mãe é separada do primeiro casamento e teve um casal de filhos dessa primeira união.
Os filhos de meu pai nunca gostaram muito de mim. Talvez por ciúmes...eu tinha 7 anos de idade quando a primeira esposa de meu pai faleceu. Minha mãe casou-se com meu pai quando eu tinha 13 anos de idade. Custou e custa a entender que diabos de família era a minha e ainda hoje me falta muita coisa a ser explicada.
O fato era que eu não gostava de nada ali...daquele clima estranho de não saber quem é quem.
Família de verdade era aquela que eu sempre visitava uma vez por ano.
Havia cumplicidade e harmonia. Me sentia à vontade por poder brincar e correr, dar risadas, soltar a minha imaginação...ser criança de verdade. Não era o que acontecia quando voltava para a Vila Joaniza. Ali eu presenciava constantemente brigas, baixarias e discussões. Nunca houve uma demonstração de afeto ou qualquer coisa que o valha.
Hoje, olhando para todas as situações nas quais passei, penso que por uma espécie de milagre não me tornei o que hoje meus familiares são! Aliás, sempre foram.
Fica meio confuso tudo isso, mas aos poucos vou montando esse quebra-cabeça que é a minha vida.

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